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Os conteúdos da Estatística têm, atualmente, seu espaço
garantido no currículo de vários países do mundo, inclusive
no do Brasil, cuja inserção ocorreu com a implementação
dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino
Fundamental (brasil, 1997, 1998) e dos Parâmetros Curriculares
para o Ensino Médio (brasil, 2002, 2006). Iniciou-se, assim, um
movimento em torno dos aspectos didáticos e metodológicos da
Estatística que pode ser considerado a base do que hoje se denomina
de educação estatística.
Até o final da década de 1990, os estudos nessa área ainda
eram muito incipientes. Os eventos nacionais em educação matemática
praticamente não apresentavam trabalhos sobre a Estatística.
No entanto, esse panorama tem se alterado significativamente
e, hoje, a educação estatística, enquanto área de pesquisa
no Brasil, encontra-se consolidada.
Um dos objetivos desse campo é a promoção do letramento
estatístico de professores e estudantes, seja na Educação Superior,
seja na Educação Básica; isso porque, cada vez mais, o mundo
se orienta por meio de dados. Essa realidade está presente na
vida das pessoas, não só em eventos gerais, como na política, mas
também em decisões mais complexas, quando se avalia risco à
saúde, por exemplo. Nesse contexto, o letramento estatístico se
configura como uma competência essencial a todos os cidadãos.
A atual realidade justifica a inserção do ensino e aprendizagem
da Estatística no currículo, desde os anos iniciais do Ensino Fundamental. A Estatística, enquanto disciplina de conhecimento acadêmico,
está presente na maioria das áreas, a exemplo da saúde,
das ciências sociais, das exatas, etc. Essa presença possui um
forte caráter de aplicação, destacando a essência de disciplina
metodológica. Ocorre que, nas licenciaturas, ao que tudo indica,
a abordagem da Estatística segue esse mesmo padrão. No caso da
licenciatura em Matemática, o ensino da Estatística deve assumir
um papel diferenciado, tendo em vista que cabe ao futuro professor
de Matemática a responsabilidade de ensiná-la na Educação
Básica. Essa mudança perpassa a natureza de aplicação, devendo
ser pensada em seus aspectos didáticos, metodológicos, históricos
e epistemológicos.
Este livro foi escrito a partir do desenvolvimento de um curso
ofertado a estudantes da licenciatura em Matemática, cujo objetivo
foi proporcionar situações pedagógicas envolvendo o letramento
estatístico. A realização do referido curso visou proporcionar
situações nas quais os licenciandos pudessem desenvolver
outro olhar sobre a Estatística, podendo refletir acerca de suas
futuras práticas de sala de aula no que se refere a essa área.
Assim sendo, pensamos que este livro pode ser interessante
para um amplo público envolvido no processo educacional, bem
como para aqueles que, mesmo fora do âmbito educacional, preocupam-
se com as possíveis repercussões dos dados estatísticos
que emergem das mais diversas situações cotidianas para a vida
de cidadãos e para a sociedade como um todo. Nossa motivação
para a escrita deste livro está relacionada a duas questões. A primeira
diz respeito à percepção de que, apesar de todo o progresso
das pesquisas na área da educação estatística, ainda são poucos
os estudos que refletem a importância desse campo no âmbito
de um curso de formação inicial de professores de Matemática. A
segunda relaciona-se ao próprio letramento estatístico, cuja perspectiva
vai além de uma abordagem procedimental e conceitual. O livro está estruturado em três capítulos. O primeiro objetiva
apresentar nossa concepção sobre a estatística e o letramento
estatístico. Para atingir esse objetivo, apresentamos um modelo
teórico constituído por dois conjuntos, sendo um deles composto
por elementos de conhecimento (de natureza cognitiva) e um
segundo constituído por elementos de disposição (de natureza
afetiva). Finalizando o capítulo, apresentamos uma das tarefas
exploradas no curso, abordando a análise e interpretação de gráficos
e tabelas.
O segundo capítulo aborda algumas questões acerca da inserção
da Estatística na Educação Básica. Para isso, apresentamos
algumas recomendações dos Parâmetros Curriculares Nacionais
para o Ensino Fundamental (pcn), bem como da própria Base Nacional
Comum Curricular (bncc) em vigor. O capítulo também
descreve algumas tarefas envolvendo análise de dados, cuja estrutura
permite o estabelecimento de comparações (aproximações
e/ou distanciamento) entre os documentos e as indicações dos
documentos oficiais.
No terceiro capítulo, buscamos refletir e discutir sobre alguns
aspectos da Educação Matemática Crítica, que, para nós, relacionam-
se com a perspectiva teórica do letramento estatístico.
O capítulo contém as recomendações acerca do ensino da Estatística
na perspectiva dos Parâmetros Curriculares para o Ensino
Médio (pcn+) e finaliza-se com algumas tarefas sobre análise e
interpretação de informações estatísticas numa perspectiva de
letramento estatístico.
Por fim, tecemos algumas considerações acerca da proposta
presente neste livro. Depois, são encontradas nossas referências.
Almejamos que este livro contribua para a ampliação do debate
sobre o letramento estatístico entre futuros professores e
professores de Matemática de todos os níveis de ensino. Também
tencionamos que estas reflexões se estendam para aqueles que se porinteressam
pelo assunto e se preocupam com uma formação do
cidadão subsidiada pela compreensão de informações estatísticas
e por resultados de pesquisa baseados em evidência. |
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