dc.description.resumo |
Este trabalho foi minha dissertação de mestrado, apresentada no
curso de Mestrado em Economia da Universidade Federal da Paraíba,
Campus II, hoje Universidade Federal de Campina Grande, (Defendida
ainda no século XX, as referências ao “século passado” referem-se ao
XIX) sob a orientação do professor Dr.Ciro Flamarion Santana Cardoso.
Escolher como tema da dissertação a estrutura de distribuição de
terras no município de Campina Grande, na segunda metade do século
passado, chegou a parecer estranho a algumas pessoas. Um município
do interior nordestino ainda poder-se-ia compreender, mas por que o
século passado?
A escolha do tema prendeu-se intimamente à necessidade de
aprofundar o conhecimento sobre a agricultura brasileira e à visão que
tenho do que seja aprofundar tais conhecimentos. Foi decisiva também
a influência das pesquisas coordenadas pelos professores Maria Yedda
Linhares e Ciro Flamarion Cardoso sobre a agricultura.
Já há algum tempo, em busca de explicações para o subdesenvolvimento,
muitos estudiosos brasileiros se voltaram para a agricultura.
É grande a contribuição de inúmeros autores que se vêm dedicando ao
assunto, embora suas abordagens sejam bastante diversas. A polêmica
prende-se muito à complexidade do tema e ao relativamente curto período
que têm estes estudos, mas também a uma certa fragilidade dos
conhecimentos sobre a tão decantada realidade brasileira, a começar
por suas bases coloniais. ... A necessidade de reorientar as pesquisas,
sobretudo para estudos locais, mais aprofundados, capazes de revelar a
‘face oculta’ de uma sociedade fundamentalmente agrária até um passado
bem recente, e por demais retratada a partir da ‘casa grande’ e
‘senzala’ 1 foi o que decidiu a escolha do tema. N a tentativa de compreender melhor a atualidade do problema
agrário no Brasil, voltar os olhos para o passado, sobretudo para a segunda
metade do século XIX, é, a meu ver, imprescindível. Como disse
Marc Bloch, tentar entender o presente como se fosse autointeligívél
não tem ajudado a explicá-lo.
A escolha do antigo município de Campina Grande não se deveu
apenas ao fato de estar vivendo na cidade. Dentro da ideia inicial de realizar
estudos locais, que se juntassem para permitir uma visão global da
complexa e diversificada realidade agrária do país, o antigo município
de Campina Grande pareceu-me suficientemente representativo para o
que desejava: sair dos modelos agrários do Sudeste cafeeiro e das áreas
açucareiras do Nordeste, tomando para estudo uma área do Agreste,
importante por sua ligação comercial com o Sertão e o Litoral e, além
do mais, pouco estudada.
Os limites temporais do trabalho foram marcados por ser a segunda
metade do século passado um dos períodos mais importantes para o
país, período de transição da economia colonial escravista para o capitalismo
dependente.
Já em 1840, o “Golpe da Maioridade” consolidara a unidade nacional
sob a hegemonia da economia cafeeira. Reformularam-se naquele
período as concepções sobre a posse da terra, o trabalho escravo foi
sendo gradualmente abolido, houve mudanças fundamentais nos sistema
financeiro, fiscal, creditício e também no administrativo e no político.
Estou convencida de que para entender a atual estrutura agrária
do Brasil é necessário estudar o processo de desenvolvimento e implantação
do capitalismo como modo de produção dominante, nas diversas
regiões do país. Meu trabalho tem a pretensão, nem tanto de ser uma
considerável contribuição ao estudo da realidade agrária, mas de chamar
a atenção para a importância de pesquisas que permitam integrar
articuladamente as especificações locais numa síntese globalizante da
agricultura brasileira. Considero imprescindível começar pela estrutura de distribuição
de terras, formas de apropriação do solo e formação do grande latifúndio;
buscar o papel da pequena produção dentro de um sistema escravista, as
formas de trabalho livre que aparecem -ou se consolidam com a gradual
abolição do trabalho escravo e a estrutura de classes daí decorrentes.
Desde o início tive algumas indagações básicas; se Campina
Grande era sede de importante comércio regional, por que forma se fazia,
e quem era responsável pelo abastecimento desse mercado interno,
por mais acanhado que fosse? Qual a amplitude deste mercado? Com
estruturas escravistas desde o início da colonização, como se configuraram
e se afirmaram as relações de produção não escravistas? De que
forma tais relações foram se transformando ou se adaptando à transformação
das estruturas coloniais de produção?
Parti de duas premissas teóricas básicas. Em primeiro lugar, a
de que o Nordeste não ficou imune às transformações por que passou
o país na segunda metade do século passado. As mudanças que ocorrem,
capitaneadas pelo Sudeste, não criaram “dois brasis”: um Sudeste
capitalista e um Nordeste paralelamente pré-capitalista. As mudanças
atingiram o.país em sua totalidade.
Em segundo lugar, de que é preciso buscar nos fatores internos a base
das transformações ocorridas. Examinar, portanto, as mudanças ocorridas
na produção (sem deixar de lado, evidentemente, os fatores externos).
Julgo necessária a análise das formas de acesso ao solo e aos outros
meios de produção por serem “a base das relações de produção na
agricultura e da estrutura de classes no campo. Sem referência a um sistema
social definido, termos como ‘propriedade da terra’, ‘arrendamento
’, ‘parceria’, ‘camponeses’, etc. tomam-se abstrações sem conteúdo
e sentido precisos”2. |
pt_BR |
dc.publisher.country |
Brasil |
pt_BR |
dc.publisher.initials |
UFCG |
pt_BR |
dc.subject.cnpq |
História |
pt_BR |
dc.title |
O Município de Campina Grande 1840 - 1905: estrutura de distribuição de terras, economia e sociedade. |
pt_BR |
dc.date.issued |
2013 |
|
dc.identifier.uri |
http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/29497 |
|
dc.date.accessioned |
2023-04-27T23:35:40Z |
|
dc.date.available |
2023-04-27 |
|
dc.date.available |
2023-04-27T23:35:40Z |
|
dc.type |
Livro |
pt_BR |
dc.subject |
História de Campina Grande - PB |
pt_BR |
dc.subject |
Campina Grande - PB - História |
pt_BR |
dc.subject |
Distribuição de terras - Campina Grande - PB - 1840-1905 |
pt_BR |
dc.subject |
Ocupação da terra - Campina Grande - PB |
pt_BR |
dc.subject |
Estrutura fundiária - Campina Grande - PB 1940-1905 |
pt_BR |
dc.subject |
História da Paraíba - Campina Grande |
pt_BR |
dc.subject |
Historia de Campina Grande - PB |
pt_BR |
dc.subject |
Campina Grande - PB - Historia |
pt_BR |
dc.subject |
Distribución de tierras - Campina Grande - PB - 1840-1905 |
pt_BR |
dc.subject |
Ocupación de suelo - Campina Grande - PB |
pt_BR |
dc.subject |
Estructura del suelo - Campina Grande - PB 1940-1905 |
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dc.subject |
Historia de Paraíba - Campina Grande |
pt_BR |
dc.subject |
Histoire de Campina Grande - PB |
pt_BR |
dc.subject |
Campina Grande - PB - Histoire |
pt_BR |
dc.subject |
Répartition des terres - Campina Grande - PB - 1840-1905 |
pt_BR |
dc.subject |
Occupation du sol - Campina Grande - PB |
pt_BR |
dc.subject |
Structure foncière - Campina Grande - PB 1940-1905 |
pt_BR |
dc.subject |
Histoire de Paraíba - Campina Grande |
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dc.subject |
Contextualized Education |
pt_BR |
dc.subject |
Contextualized Education |
pt_BR |
dc.subject |
CAT project |
pt_BR |
dc.subject |
Field Education Research |
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dc.subject |
Student cost - rural school |
pt_BR |
dc.subject |
CAT methodology - know, analyze, transform |
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dc.subject |
Community Organization Movement - MOC |
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dc.subject |
Bahia - territorialization |
pt_BR |
dc.subject |
CAT - know, analyze, transform - methodology |
pt_BR |
dc.rights |
Acesso Aberto |
pt_BR |
dc.creator |
VIANNA, Marly de Almeida Gomes. |
|
dc.publisher |
Universidade Federal de Campina Grande |
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dc.language |
por |
pt_BR |
dc.title.alternative |
The Municipality of Campina Grande 1840 - 1905: structure of land distribution, economy and society. |
pt_BR |
dc.identifier.citation |
VIANNA, Marly de Almeida Gomes. O Município de Campina Grande 1840 - 1905: estrutura de distribuição de terras, economia e sociedade. Campina Grande - PB: EDUFCG, 2013. ISBN: 978-85-8001-101-2. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/29497 |
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