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Um gênero narrativo, rico em valores apelativos e alusivos
a histórias terceiras, dotado de relativa autonomia no que nos impõem
como expectativa, abastado de valores linguísticos e senhor de
muitos rostos. Esse é o trailer, objeto desta coletânea. Aliás, enim
uma publicação sobre isso em língua portuguesa!
Mentira!
Existem dissertações e alguns artigos que versam sobre tal,
alguns poucos livros que não se gasta todos os dedos de uma mão
para contar. Mas mesmo aqueles que contemplam o assunto, em sua
maioria, tratam o trailer como objeto cinematográico. De fato o é,
também. O trailer, na realidade, é um objeto audiovisual, mas que
não necessariamente remete ao audiovisual. Imagine o leitor o que
difere um comercial de sabão em pó de um trailer. Pensa de pronto,
“o comercial fala do sabão e o trailer fala de um ilme”. E não está
totalmente errado, apenas generalizando: ambos são instrumentos
de marketing, mas como dizer que um trailer serve para anunciar
um ilme se existem também para séries, games e, até mesmo, livros
e espetáculos teatrais? E o que todas estas manifestações têm em
comum? Narrativas. O trailer vende narrativas, o comercial vende
outras coisas. Qualquer maneira de vender uma narrativa será um
trailer, e existem várias. Obras fechadas, abertas, curtas, longas,
cada uma pode se valer de estratégias distintas e das citadas muitas
faces desse híbrido objeto audiovisual.
Dito isso, só falar em trailer cinematográico ou não dar
atenção a outros tipos e objetos correlatos talvez seja enxergar apenas
uma parte, a mais clássica, é verdade, de um objeto tão rico mas tão imperceptível à academia. O objetivo desta publicação é
veriicar que novas diretrizes podemos dar ao observarmos os trailers
enquanto elemento de estudo, que fragmentos dessa grande esfera
essencial, ou melhor, simbólica e historicamente ligada ao cinema.
A partir do desaio de falar do trailer não cinematográico,
Ian Costa e Marcel Vieira discutem o modo estratégico como uma
obra seriada pode conduzir a expectativa do seu público ao analisar
os trailers de uma temporada de Game of hrones, propondo observações
gerais sobre o gênero narrativo e “traileríico”, bem como
uma nova categoria, o trailer serial. Mirelly Wanderley, por sua vez,
traça um paralelo entre o público consumidor de games, um jogo e
o modo de afeto atribuído à estratégia cinematográica da adaptação
de Prince of Persia, evidenciando o quanto o fan service é importante
na geração do espetáculo pirotécnico do trailer. Carolina Brito e Ian
Costa trazem a discussão acerca das abordagens do trailer de Jogos
Vorazes, uma adaptação da literatura para o cinema, traçando um
comparativo do trailer do ilme com o booktrailer, uma ferramenta
“crossmidiática” de apelo. Seguindo a linha de jogabilidade e apelo
ao público-alvo, Arthur Mantovani e Allan Vidal analisam o trailer
do game League of Legends, evidenciando uma pulsante ferramenta
de apelo para uma mídia cada vez mais imersa em narrativa, que
são os jogos eletrônicos, e que se vale disso para o marketing em
trailer. Por im, Kaio Henrry discute quem sai ganhando na relação
de ilmes e trailers com fragmentos “videoclipescos”, o cantor/banda
ou a narrativa em si. Discute, aliás, se são trailers de videoclipes ou
videoclipes de trailers.
Esta obra autentica o gênero trailer em seus fragmentos
escusos, evidenciando várias nuances de sua complexa forma híbrida
de ser. Temos aqui o objetivo do marco de abertura e incentivo de pesquisa acerca de uma ferramenta narrativa e negligenciada pelos
acadêmicos e outras publicações. A vantagem da literatura, neste
caso, é que, após todas as promessas contidas em um prefácio, o
leitor não terá de esperar alguns meses para consumir esta obra.
Vire esta página e aprecie os fragmentos do trailer. |
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