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A cidade de São Luís, capital do Estado do Maranhão, possui uma população de aproximadamente
1.090.000 habitantes, com um crescimento populacional de 6,71%, entre 2010 e 2016 (IBGE, 2017). De
acordo com estimativa levantada pela Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos de São Luís
(SEMOSP), em 2010, a massa de resíduos sólidos coletados era de 0,76 kg/hab/dia. (PEGRSMA, 2012).
Atualmente, o volume de resíduos sólidos coletado pelo Programa Municipal de Coleta Seletiva é
destinado ao aterro sanitário na Central de Gerenciamento Ambiental (CGA) localizado na cidade de
Rosário, no Estado do Maranhão. Esse aterro recebe, em média, 554.305 toneladas de resíduos por ano
(IBGE, 2010).
Em relação ao tratamento de resíduos sólidos das últimas décadas, as organizações de Economia
Solidária de coleta seletiva e reciclagem têm se mostrado uma alternativa importante para os
trabalhadores frente às transformações ocorridas no mundo do trabalho. Argumenta-se que a Economia
Solidária é responsável pela geração de trabalho e renda e, ao viabilizar a afirmação da cidadania dos
cooperados, tem desempenhado significativa função social (AMARANTE & BELLONI, 2014).
A finalidade social da Economia Solidária que lida com resíduos sólidos tem estreita relação com
a consciência ambiental, por considerar que ela se concretiza no pensamento e prática do consumo de
produtos e serviços. Desta forma, a consciência ambiental se constitui em um ato ético e político, visto
que vai além da escolha pelo gosto pessoal. O ato de consumir deve atender às necessidades, sem
consumo em demasia, além do que produtos aparentemente iguais são diferenciados por suas histórias
ou seus processos de produção. Assim, ao consumir um produto originado de um processo em que não
há preocupação com exploração do trabalho ou degradação ambiental, o consumidor torna-se
corresponsável pela manutenção dessas formas de produção (KANAN, 2011).
O papel da Economia Solidária, em geral, compreende uma diversidade de práticas sociais e
econômicas organizadas na forma de cooperativas, associações, complexos cooperativos, redes de
cooperação e empresas autogestionárias, que realizam atividades de produção de bens, prestação de
serviços, finanças solidárias, trocas, comércio justo e consumo solidário. Para França-Filho e Laville
(2004, p. 161, as Economias Solidárias são as "[...] iniciativas que articulam sua finalidade social e
política com o desenvolvimento de atividades econômicas, introduzindo ainda a solidariedade no centro
da elaboração dos seus projetos". Elas se apresentam como um novo paradigma com valores solidários,
que nasceram do desejo de mudar o quadro de desigualdade e exclusão social das classes pobres
(CATTANI, 2003). Assim, reforça-se o argumento de que a Economia Solidária, geralmente, envolve pessoas que se
encontram excluídas ou em vias de exclusão do mercado formal de trabalho ou pessoas historicamente
excluídas, pertencentes às classes populares, que buscam alternativas para geração de trabalho e renda
e qualidade de vida (AZAMBUJA, 2009). Sendo que, a compreensão do que seja qualidade de vida está
diretamente associada ao atendimento das necessidades do indivíduo, sejam elas físicas, mentais,
psicológicas e emocionais (ARRUDA, 2003).
Conforme a proposta da Economia Solidária, o trabalho de uma cooperativa de reciclagem deverá
ultrapassar a inserção daqueles trabalhadores que se encontram excluídos do mercado formal de
trabalho, dado que sua essência está fundamentada no próprio processo de sobrevivência dos
indivíduos, de inversão de valores e dos significados do trabalho.
Nesse sentido, o presente trabalho apresenta a mais antiga cooperativa de reciclagem existente
na cidade de São Luís-MA, com a intenção de analisar a assimilação do sentido do trabalho de reciclagem
pelos cooperativados. Com base nas respostas dos cooperados, foram estudadas as variáveis
abrangentes sobre o entendimento acerca da qualidade de vida e da consciência no consumo dos seus
trabalhadores. |
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