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Os materiais poliméricos estão presentes na sociedade desde os primórdios da civilização, porém,
"até o final da primeira grande guerra mundial, todas as descobertas nessa área foi por acaso, por meio
de regras empíricas. Somente em 1920, Hermann Staudinger, cientista alemão, propôs a teoria da
macromolécula" (CANEVAROLO, 2010, p.17). Alguns anos depois, iniciou-se uma revolução no
desenvolvimento de polímeros sintéticos. Junto a isso, inúmeros problemas ambientais surgiram, uma
vez que a maioria dos polímeros leva um tempo muito longo para se decompor. Como é dito por Lacerda
(2013) apud Lomasso et al. (2015, p.4) "nos transformamos em um planeta de resíduos dispostos de
forma irregular [...]" e isso gera a necessidade de se estudar formas de minimizar esse problema,
analisando questões sobre reciclagem e reutilização desses resíduos.
A reciclagem é o processo no qual, resíduos [...] e objetos que seriam descartados no meio
ambiente [...]; são reinseridos no ciclo produtivo através da sua utilização como matéria-prima para a
fabricação de novos produtos (LOMASSO et al., 2015, p.1).
A reciclagem mecânica é o processo mais comum de reaproveitamento de materiais poliméricos
("plásticos"). Esta se divide em: a) Primária ou Pré-consumo: na qual são reaproveitados resíduos e
sobras dentro das próprias indústrias; b) Secundária ou Pós-consumo: na qual são reaproveitados
resíduos de artigos já consumidos, provenientes das mais variadas origens e, obtidos geralmente em
lixões, aterros sanitários ou por meio de coleta seletiva. A realização da reciclagem mecânica do plástico
consiste na submissão dos resíduos às seguintes etapas: separação, moagem, lavagem, secagem,
reprocessamento e transformação em novo produto acabado. Essas etapas são sujeitas a variações, de
acordo com a procedência e com a condição dos resíduos (LOMASSO et al., 2015).
Nas últimas duas décadas, os copos plásticos descartáveis passaram a ser amplamente
consumidos nas empresas devido à praticidade, higiene e baixo preço. Mas o uso diário destes produtos
representa um problema a mais para a natureza. Dados do Programa Ambiental da ONU mostram dentre
os produtos plásticos, tais como copos descartáveis, formam a maior parte do lixo encontrado no oceano.
Em algumas regiões, esse elemento corresponde a 80% do lixo marinho. Já na Região Metropolitana do
Cariri, a destinação incorreta de resíduos sólidos torna-se ainda mais preocupante devido à necessidade
de preservação da Chapada Nacional do Araripe. A incidência de centenas de fontes de água e lençóis
freáticos cortando diversos municípios é um constante sinal de alerta para o governo e a população
(ARRÃES, 2016).
Com mais de 20 mil estudantes, Juazeiro do Norte se tornou um grande polo universitário no
interior cearense e um dos mais importantes do Nordeste. É constituído por "mais de 50 cursos, com
nove instituições, duas delas públicas, a Universidade Federal do Cariri (UFCA) [...] e a Universidade
Regional do Cariri (URCA), e cerca de 25 mil alunos na cidade" (Diário do Nordeste, 2015). O grande
número de pessoas que circulam por esses locais, atrai muitas pessoas para a comercialização de
comidas e bebidas, incluindo lanchonetes e restaurantes, fato esse que gera um enorme consumo de
copos descartáveis. Apenas na Universidade Federal do Cariri (UFCA) o consumo diário de copos
descartáveis no Restaurante Universitário (RU) gira em torno de 1300 unidades. Considerando as outras universidades do polo, chega-se a toneladas de material que estão sendo desperdiçadas anualmente e
que poderiam ser redirecionadas para a reciclagem, se houvesse um empenho nesse sentido. O fato de
não existir um sistema de coleta com tal finalidade na região é motivo suficiente para se pensar em
implantar um, pois a inviabilidade só existe enquanto não se percebe que há potencialidades de
direcionar para a reciclagem um produto que está sendo descartado no lixo, gerando desperdício
econômico e ainda prejudicando imensamente o ambiente.
Diante disso, o presente trabalho idealiza organizar e executar um projeto de reciclagem para
copos descartáveis na cidade de Juazeiro do Norte-CE, de forma que se possa comprovar a
potencialidade desse resíduo, amplamente disponível no pólo acadêmico, de ser redirecionado para a
fabricação de novos produtos. E assim, tentar estabelecer parcerias entre associações de catadores
locais, instituições de ensino superior e indústrias de reciclagem, viabilizando a implementação de um
sistema de coleta seletiva e reciclagem de copos descartáveis na região. Estes materiais foram escolhidos
pela sua facilidade de obtenção, visto que são descartáveis com grande fluxo nas universidades,
principalmente na UFCA, e pelo fato de serem polímeros termoplásticos que "quando sob o aumento
substancial da temperatura e marginal da pressão, fluem podendo ser moldados [...]. Retirada a
solicitação (T e P) se solidificam [...]. Novas aplicações de temperatura e pressão reiniciam o processo,
portanto são recicláveis" (CANEVAROLO, 2010, p.53). O trabalho visa explanar os desafios tanto da
implantação da coleta seletiva de copos descartáveis de PP, quanto de sua reciclagem, no polo acadêmico
de Juazeiro do Norte, com a finalidade de amenizar o impacto ambiental causado pelo descarte incorreto
dos mesmos. |
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