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Durante décadas, a deposição de resíduos orgânicos biodegradáveis em aterro foi uma prática
muito comum, pois a rápida decomposição e a liberação de odores destes resíduos dificultam a
operacionalização e aplicação de um sistema de prevenção e de reciclagem (CROWE, 2002). O grande
problema ambiental da deposição destes resíduos em aterros consiste na emissão de gases poluentes
(CO2 e CH4) que contribuem para o aumento do efeito estufa, agravando os problemas de aquecimento
global já documentado. Além disso, a elevada carga orgânica do chorume, produzido no processo de
decomposição, pode ser facilmente lixiviado e, contaminar os cursos de água subterrâneas e superficiais.
O volume que estes resíduos biodegradáveis ocupam diminui o espaço disponível do aterro e, portanto,
a sua vida útil, necessitando de mais áreas (SANTOS, 2007).
Estes fatos levam à busca de medidas para a gestão de resíduos orgânicos, não só nas entidades
oficiais responsáveis pela gestão destes resíduos, mas também nas instituições não governamentais e
coletivas (grupos associados, cooperativas e empresas) que baseiam suas operações no processo de
coleta, separação, reuso e ou reciclagem de materiais. Neste aspecto, a compostagem tem se apresentado
como uma forma eficiente de se reciclar os resíduos de animais e vegetais. Esse processo compõe um
sistema de baixo custo, para a transformação de resíduos orgânicos em compostos que podem ter alto
valor nutricional para a produção vegetal (ALVES & PASSONI, 1997; BUENO et al., 2008).
No município de Mossoró, RN, a Associação Comunitária Reciclando para a Vida – ACREVI, com o
apoio da prefeitura municipal, tem assumido o papel social da coleta e reciclagem de resíduos sólidos
produzido por grande parte da população local. Porém, tem-se observado que os resíduos orgânicos não
estão recebendo qualquer tratamento ou destinação adequada, sendo os terrenos baldios e os aterros
os principais meios para a sua deposição (SOUTO, 2008).
Acredita-se que a ausência de políticas públicas local, aliada a falta de conhecimento técnico dos
catadores/recicladores da ACREVI sobre as principais técnicas de gerenciamentos dos resíduos
orgânicos, bem como a sua importância ambiental e econômica, faz com que esta situação permaneça
inalterada. Deste modo, surge à necessidade da realização de uma pesquisa-ação na ACREVI, com a
finalidade de transformar os resíduos orgânicos por meios de compostagem, fazendo a análise química
do material produzido.
A compostagem em pequena escala, por se tratar de dimensões menores que o convencional,
consegue atuar na própria fonte geradora (domicílios e restaurantes). Por este motivo, a mini
compostagem atua ainda como uma importante ferramenta de educação ambiental à medida que o
próprio gerador acompanha as fases de produção do composto e por isso esse processo tem grande
potencial de disseminação junto à população (SPRICIGO et al., 2007).
No processo de compostagem em pequena escala, o controle do alto teor de umidade dos resíduos
é um fator imprescindível para o andamento adequado do processo. Nesse caso, uma das alternativas é
a adição de material palhoso (restos de vegetais secos), que contribui para o equilíbrio da umidade e
ainda auxilia na regulagem da relação C/N. Porém, nas cidades de médio e grande porte, um material
em abundância e que poderia ser utilizado para tal finalidade é as podas de arvores e gramas. O uso de podas de arvores e gramas, ao mesmo tempo em que permite absorver umidade da massa
de resíduos orgânicos, apresenta características que poderiam evitar a compactação dessa massa,
melhorando a aeração da mesma e com isso favorecendo o processo. Como estes resíduos são
encontrados em abundância, sem custo, o acesso pelos associados é favorecido, além do que representa
uma opção de destino adequado para tais resíduos.
Assim esse trabalho tem como objetivo avaliar os efeitos do uso de podas de arvores e gramas,
sobre os fatores que influenciam no processo de compostagem, utilizando o método "windrow". |
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