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No Brasil, um dos principais problemas enfrentados pelas indústrias de processamento de sucos
é o grande volume de resíduos produzidos diariamente. Apesar da grande parte dos resíduos sólidos,
constituídos pelas cascas, sementes e polpas, serem utilizados como componente de ração animal ou
como material de compostagem, o grande volume e o descarte, vêm exigindo uma atenção especial
(CÓRDOVA et al., 2005; ANDRADE et al., 2013; NASCIMENTO et al., 2013), não só devido a sua toxicidade,
potencial contaminante ou alguma característica particularmente poluidora do ambiente, mas também
por constituir muitas vezes em desperdício de uma matéria-prima, de compostos orgânicos com
categoria bioquímica definida (proteínas, açúcares, ceras, graxas, resinas), que poderia ser aproveitada.
Dados de produção demostram que a indústria de processamento de maracujá gera aproximadamente
60% do peso total do fruto na forma de resíduo, assim, o aproveitamento da casca do maracujá pode
trazer benefícios tanto do ponto de vista nutricional quanto ambiental (SANTOS et al., 2011;
NASCIMENTO et al., 2013; OLIVEIRA et al., 2015).
O maracujá pode ser consumido ao natural, e os resíduos têm sido utilizados por produtores
rurais na suplementação da alimentação animal, como ração para bovinos e aves, ainda sem muita
informação técnica adequada. Como este volume representa inúmeras toneladas, agregar valor a estes
subprodutos é de interesse econômico, científico e tecnológico (FERRARI, 2004).
A casca do maracujá é composta por fibras insolúveis e solúveis, em especial a pectina, niacina
(vitamina B3), nutriente que atua no crescimento, na produção de hormônios e previne problemas
gastrointestinais; também é rico em ferro, cálcio e fosforo, por isso é usado na prevenção da anemia, no
crescimento e fortalecimento dos ossos e na formação celular (fósforo), além de possuir propriedades
terapêuticas através do uso de suas folhas e do suco, que contêm passiflorina, conhecido como um
sedativo natural (PITA, 2012).
O desenvolvimento de novos produtos como a farinha da casca, pectina e óleos, obtidos através
da utilização dos resíduos da indústria de suco de maracujá vem se mostrando uma alternativa viável e
rentável (OLIVEIRA, 2009). Além de açúcares, o resíduo do maracujá contém proteínas e minerais,
apresentando potencial para aproveitamento (CÓRDOVA et al., 2005).
Segundo Reolon (2008), a partir das cascas do maracujá pode-se obter farinha por meio da
secagem e moagem da parte branca do fruto, a qual pode ser uma boa alternativa de alimento. Ishimoto
et al. (2007), explicam que farinha da casca do maracujá pode ser aproveitada como ingrediente na
indústria de panificação para enriquecer a qualidade nutricional dos produtos, uma vez que as cascas
do maracujá são constituídas basicamente por carboidratos, proteínas e pectinas.
Pensando em reaproveitar a casca do maracujá, bem como contribuir para a diminuição da
produção de resíduos gerados a partir do processamento deste fruto, objetivou-se com esse trabalho
produzir um produto farináceo da casca do maracujá- amarelo (Passiflora edulis fo. Flavicarpa O. Deg.)
utilizando forno de micro-ondas, e realizar uma caracterização física e química da farinha produzida
para saber se a mesma possui potencial para ser empregada na alimentação humana ou animal. |
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