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Atualmente, a preocupação ambiental, em especial na temática de resíduos, ocupa lugar de
destaque e tem sido amplamente discutida no âmbito da sociedade civil, governo, Instituições de Ensino
e Pesquisa, entre outros. O uso de substâncias químicas nas atividades laboratoriais em Instituições de
Ensino Superior (IES) é imprescindível para o desenvolvimento de suas atividades de ensino, pesquisa
e extensão, fazendo a geração de resíduos químicos parte da rotina acadêmica. Grande parte desses
resíduos apresentam características importantes de toxicidade e periculosidade, tais como
corrosividade, inflamabilidade, reatividade, patogenicidade (ABNT, 2014) etc., o que tornam inviável
seu descarte direto na rede coletora de esgotos ou lixo comum, sem tratamento prévio.
Embora a geração de resíduos químicos em IES seja relativamente reduzida, em comparação a
outros segmentos geradores, as universidades não podem negligenciar sua posição de geradoras de
resíduos perigosos. Dessa forma, em cumprimento às legislações ambientais vigentes no país (ABNT,
2014; BRASIL, 2010), a fonte geradora de resíduos é responsável pelos mesmos, desde sua geração até
a disposição final adequada, estando a universidade, portanto, obrigada a gerir seus próprios resíduos
de maneira segura, independentemente de legislação específica. Considerando ainda que tais resíduos
se caracterizam por matrizes complexas e heterogêneas, a padronização de procedimentos de
tratamento é dificultada e torna a gestão integrada dos mesmos um grande desafio (YEKKALAR, 2015).
Nas últimas décadas, diversas universidades implantaram planos ou Programas de
Gerenciamento de Resíduos Químicos (PGRQ) (ALBERGUINI et al., 2003; IMBROISI et al., 2006;
FAGNANI et al., 2017). A partir de iniciativas norte-americanas, IES brasileiras também adotaram
programas de gestão aplicados aos seus resíduos, incluindo os perigosos. Em muitas delas, o modelo
adotado para equacionar tal problemática foi a implantação de centrais de tratamento in situ ou
modelos similares (ALBERGUINI et al., 2003; IMBROISI et al., 2006).
Em geral, a gestão de resíduos químicos apresenta-se como um processo que envolve atividades
complexas, incluindo aspectos relacionados a recursos humanos, científicos, técnicos e financeiros,
capazes de promover efetiva preservação ambiental. Os PGRQ são específicos e peculiares para cada
gerador; porém, em sua grande maioria, contemplam as etapas de identificação, classificação,
segregação, acondicionamento, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final dos mesmos.
A negligência de qualquer etapa pode comprometer toda a gestão e acarretar danos socioambientais
importantes, em especial, relacionados à saúde ocupacional.
A Universidade de São Paulo (USP), em meados da década de 1990, implantou seu primeiro PGRQ,
inicialmente, no Campus de São Carlos. As premissas desse programa alcançaram outros Campi e, na
sequência, em 1996, iniciou-se sua implantação no Campus de Ribeirão Preto. O ano de 2004 foi
marcante no contexto histórico do gerenciamento de resíduos químicos em Ribeirão Preto, pois houve
a consolidação deste programa no Campus pela conclusão das obras e início das atividades da central
de tratamento de resíduos químicos, comumente denominada, Laboratório de Resíduos Químicos
(LRQ). Este laboratório pertence à Prefeitura do Campus USP de Ribeirão Preto (PUSP-RP) e ocupa papel
central no PGRQ, pois tem como objetivo principal o tratamento de resíduos químicos gerados em
laboratórios didáticos e de pesquisa das Unidades de Ensino e Pesquisa instaladas neste Campus, a
saber: Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP), Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto (EERP), Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
(FMRP) e Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP).
O LRQ/PUSP-RP também tem por objetivos: elaborar protocolos de manuseio e tratamento de
resíduos químicos; executar o reaproveitamento de algumas correntes de resíduos, como solventes
orgânicos e metais nobres; efetuar o controle de qualidade de produtos recuperados, para reutilização;
colaborar na troca interunidades de reagentes vencidos e no treinamento de estudantes e servidores
técnico-administrativos e; atuar na busca de novas tecnologias de tratamento. Para desenvolvimento de
suas atividades, o LRQ/PUSP-RP possui uma infraestrutura que compreende um entreposto de resíduos
químicos, laboratório de inorgânica, laboratório de orgânica, sala de análises e sala de apoio técnico,
com área total construída de 210 m2, incluindo diversos equipamentos de laboratório para tratamento
de resíduos e análises químicas.
O presente estudo teve como objetivos a caracterização dos resíduos químicos processados numa
central de tratamento em um Campus universitário (LRQ/PUSP-RP), incluindo suas principais formas
de tratamento, e a verificação da viabilidade técnica no tratamento in situ dos mesmos. |
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