dc.description.resumo |
Pedagogos, autoridades, especialistas, dirigentes e demais interessados na questão educacional na contemporaneidade, entendem a indisciplina enquanto um dos principais fenômenos tidos na medida de patologia a perturbar a normalidade do universo escolar. A indisciplina constitui, nestas segundo estas perspectivas, variável indesejável e um dos principais obstáculos a um pretendido fluxo eficaz daquilo que denominam ‘ensino-aprendizagem’. Ao lado deste considerado significativo estorvo à educação, temos também a evasão, a retenção e a violência na escola. No entanto a indisciplina constitui alvo privilegiado de medidas medicalizadoras. Pretendem, com estas iniciativas, o extermínio das causas dos males impeditivos da aprendizagem, buscando pela garantia, finalmente, de uma pretensa sanidade para os dinamismos relacionais na escola. Neste empreendimento findam por naturalizar tanto a escola como o entorno social no qual ela está inserida. Além do que sugerem, sub-repticiamente, o aluno como ‘tábula rasa’ no decorrer do processo. Nesta direção, procedem à psicologização do comportamento dos estudantes. Tal atitude, reconheçamos, resulta num rotundo esvaziamento do conteúdo político das atividades estudantis. Na contramão destas ações e concepções, trabalhadores anarquistas, no início do século XX, inventaram diversas escolas. Nestes espaços instauraram a multiplicidade, desonerando a rígida separação entre escola e sociedade, educação e vida, saber e poder. O próprio ambiente escolar constituía pretexto para diversos deslocamentos conceituais e existenciais, espaço para intensas experimentações e nomadismos. A indisciplina, neste contexto, delineia a ruína da hierarquia e das fronteiras entre campos de saberes. Jornais, revistas e impressos da época constituem atualmente excelentes documentos. Neles é possível realizar pesquisas em torno das idéias e realizações educacionais anarquistas. Conhecer estes experimentos pode alimentar nossa imaginação a fim de abordar a escola atual numa perspectiva para além dos limites estreitos nos quais os acima referidos especialistas insistem em mantê-la. Ainda mais quando sabemos ser o ponto de vista educacional anarquista refratário à escolástica medieval, esta que foi atualizada por Vargas e que continua sendo o fundamento do ensino na escola oficial contemporânea, quer seja pública quer seja privada. |
pt_BR |
dc.identifier.citation |
NASCIMENTO, Rogério Humberto Zeferino. Educação pela indisciplina: concepções e experimentos anarquistas registrados na imprensa operária no Brasil em inícios do séc. XX. In: II Colóquio Internacional de História: fontes históricas, ensino e história da educação. GT 04: Cultura Escolar, Diversidade e Comunicação Intercultural na História da Educação. Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), 2º, 2010. Anais [...]. Campina Grande - PB, 2010. p. 541-551. ISSN: 2179 2011. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34065 |
pt_BR |