dc.description.resumo |
Propõe-se, nesta comunicação, apresentar pesquisa referente aos romances de fins do século XIX, especialmente Padre Belchior de Pontes (1876) e A Carne de Júlio Ribeiro (1888), O Ateneu (1888) de Raul Pompéia e o Mulato (1881) de Aluísio de Azevedo, associando-os a inserção sociopolítica desses autores na segunda metade do oitocentos no Brasil. Além de construírem novos tipos nacionais, esses romances, minuciosamente descritivos, sociológicos rompiam em parte com a estetização da sociedade imperial que os romances de Alencar tinham nutrido, baseando-se no repertório da ciência e sociologia da época. Por isso, são designados de ―romances científicos‖. E de certo modo, ao elegerem novas figuras sociais, estes escritores não deixaram de referirem a sua própria condição de marginalizados na política saquarema. Deste modo, a questão mais ampla que acompanha esta pesquisa é verificar a própria produção dos romances e os sentidos neles configurados como sinais simbólicos da crise do Regime Monárquico no Brasil. Acredita-se, que essas narrativas literárias, permitirão reconstruir o universo simbólico de contestação do modelo imperial e, ao mesmo tempo, mostrar as bases do diálogo dos letrados brasileiros com o repertório científico estrangeiro, sobretudo, português. A despeito de a produção literária aqui enfocada ter sido objeto de leituras diversas da história e crítica literárias, comumente não lhe é atribuído grande valor literário – com exceção do romance O Ateneu – pelo forte viés documental que acompanhou a produção das narrativas literárias. Isto se deve a periodização canônica da história literária que, na maioria das vezes, assumiu a memória e as divisas de fundação estabelecidas pelos escritores de 1922: o Modernismo. Este movimento artístico-cultural foi à referência para a periodização da literatura brasileira – como sendo um movimento fundador, que emancipou a literatura nacional. E neste sentido, a produção literária enfocada nesta pesquisa, foi classificada a partir dessa memória produzida pelo Modernismo e aceita pelos críticos: Pré-Modernismo. Este rótulo carrega todo um sistema de valoração, que implica em não considerar as obras literárias inseridas nos seus contextos de valores e de produção sociais. É exatamente desta postura, que o presente trabalho afasta-se, na medida em que os romances são vistos como produções que integram e dialogam com os códigos socioculturais de sua época. |
pt_BR |