dc.description.resumo |
Segundo Foucault, nós ocidentais, construímos uma estrutura de recusa, a partir da qual, denunciamos uma palavra como não sendo linguagem, um gesto como não sendo obra, uma figura como não tendo direito a tomar lugar na história. Através desta recusa, o louco passou a habitar o não-lugar, sendo construído como o terror que assola os sujeitos, a “ordem”, a “normalidade”, enfim, ameaça à vida. Estes sujeitos, transpassados por vozes estranhas aos seus ouvidos – ou seja, a “razão” – constitui um não-ser, sua existência é como um relâmpago deixando raios de luzes que se esvaem em alguns segundos, assim, nos é apresentado o louco no universo da racionalidade. Neste sentido, separados por fronteiras não apenas simbólicas, mas, sobretudo, fronteiras de concreto, visíveis e palpáveis, o louco é negado e negativado através das falas e dos gestos exteriores a ele. Desse modo, foi atravessado por um saber autoritário e científico, que segundo Foucault o louco recebeu no final do século XVIII e início do XIX, um lugar próprio – os hospícios. Assim, diante da desrazão objetivamos neste trabalho, analisar as redes de contingências nas quais o louco encontra-se inserido. Apropriando-nos do debate instaurado por Michel Foucault, buscamos articular seu método e seus conceitos, bem como, a “repercussão” de suas obras sobre a temática no campo da historiografia contemporânea. Nossa proposta é a de mostrar apoiados nesta perspectiva que o louco é efeito de uma historicidade, de tramas discursivas e não discursivas, de contingências próprias do tecido histórico, ou seja, que a loucura não é um dado fechado e natural. Propomo-nos ainda mostrar que as instituições psiquiátricas instauram um saber sobre o indivíduo, condenando-o e escrevendo-o enquanto um corpo doente, um dever político, uma questão pública, e acima de tudo, um problema para o Estado. |
pt_BR |