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Não sendo apenas um texto, nem mesmo um conjunto deles, a cidade se faz e se refaz no intervalo aberto pelos jogos de linguagem que a tematizam. As palavras e os silêncios são, também, materiais empregados na sua construção incessante, tanto quanto as pedras, os fios, as tintas, as luzes, os corpos, as naturezas inventadas e tudo o mais. Na minha pesquisa, exploro matérias do Jornal da Paraíba que registram, entre 1994 e 2005, situações de violência em que se viram envolvidas pessoas socialmente classificadas como idosas. Nos textos pesquisados encontra-se uma espécie de geografia urbana singular, caracterizada pela afirmação de que há zonas e modalidades de ocupação do espaço potencialmente mais arriscadas. Há, ainda, articulada a isso, uma hierarquização de modos de ser, a partir da indicação de condutas e hábitos mais ou menos comprometidos com a vulnerabilidade das pessoas idosas em face de situações de violência. O que se diz, ali, em linhas gerais, é que a cidade é o espaço de habitação natural das pessoas idosas, de acordo com o corpus da pesquisa. Morar fora dela é uma experiência ainda comum, mas plena de riscos, dada a especial vulnerabilidade dos membros daquele grupo etário. No entanto, diz ainda a imprensa, mesmo estar na cidade não é de todo confiável. É preciso que o homem velho e a mulher velha, habitantes da zona urbana, cerquem-se de cuidados – cumpre dividir o teto com alguém próximo, familiar ou empregado, capaz de amparar e proteger; ainda mais, deve-se guardar, quando em público, grande discrição em relação ao patrimônio; por fim, nos deslocamentos pela cidade, que devem ser raros, rápidos e nunca pelos mesmos caminhos ou nos mesmos horários, cabe observar que o dia é mais seguro que a noite tanto quanto o transporte privado é mais seguro que o público. É um cenário de pânico, portanto, o que se tece, ali. Não há escapatória para quem já caiu, presa da velhice. E isto se torna ainda mais dramático, cabe acentuar isto aqui, na medida em que os textos a partir dos quais aquelas imagens se difundem são construídos entremeando o registro de situações de violação dos direitos de pessoas idosas (no mais das vezes, isto se dando sob a forma de atos de violência) com fragmentos de falas de atores do drama referido na matéria. |
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AGRA do Ó, Alarcon. Imprensa, violência e velhice: a construção de sentidos para a experiência urbana. In: II Seminário Nacional Fontes Documentais e Pesquisa Histórica: Sociedade e Cultura. GT 07 - Cidades e Violências: Experiências de Pesquisa e Discursos sobre Violência no Brasil. Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), 2º, 2011. Anais [...]. Campina Grande - PB, 2011. p. 1-11. ISSN: 2176 4514. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34922 |
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