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Esta pesquisa objetiva realizar um estudo das festas públicas promovidas pela Igreja Católica Tridentina, pelas irmandades leigas e pelas câmaras municipais e autoridades régias nas urbes da Capitania de Pernambuco, especialmente Recife e Olinda, bem como em Lisboa, capital do Império Português, durante o século XVIII, a fim de analisar como se estabelecia o trânsito de pessoas e idéias, via Oceano Atlântico, entre aqueles espaços. Para tanto, utilizaremos como base teórico metodológica a história sócio cultural, em uma perspectiva comparativa, considerando os modos de organização e execução das festividades e seus inúmeros significados políticos, sociais e culturais. Procissões, festas de oragos, festas reais, aclamações, entradas solenes, festas fúnebres faziam parte da vida social, cultural e política de inúmeros indivíduos e se transformaram em momentos de expressão de poder, de resignificação ou afirmação de papéis sociais, de apaziguamento das tensões provocadas pela escravidão de nativos e africanos na Colônia e, ainda, como lugar de devoção e lazer para homens e mulheres colonos, escravos, livres e libertos. Nesse contexto, o evento festivo apresentava-se, segundo José Ramos Tinhorão, como uma oportunidade de sociabilidade (TINHORÃO, 2000:7-9), idéia da qual compartilhamos, uma vez que os espaços de convivência tanto na metrópole, quanto na colônia se ampliavam naquelas cerimônias e atividades, fossem elas promovidas pela esfera religiosa ou não. A festa apresentase, assim, como um fértil campo para o estudo das relações estabelecidas entre os grupos existentes na sociedade lusitana e na América Portuguesa, tendo como parâmetro de análise o universo cultural e simbólico construído em torno dos festejos, bem como o seu impacto na vida cotidiana das pessoas que delas participavam. O campo documental no qual se baseia nossa pesquisa compõe-se, principalmente, de documentos das Câmaras Municipais de Recife e Olinda, como livros de registros de cartas, provisões e ordens régias, localizadas no IAHGP e no APEJE, documentos dos fundos e coleções do acervo do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, tratados barrocos como a Súmula Triunfal da Nova e grande Celebridade do Glorioso e Invicto Mártir São Gonçalo Garcia, de Sotério da Silva Ribeiro, o Discurso Histórico, Geográfico, genealógico, político e encomiástico (1751) do Frei Jaboatão, entre outros. Além destes, as determinações do Concílio Tridentino, as Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, de 1707, e documentos das irmandades leigas como livros de termos, receitas e gastos com as festividades e coroações de reis e rainhas do Congo, que compõem o acervo das confrarias leigas. |
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