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Desde a produção primária até a sua distribuição, vários são os fatores que podem levar a
contaminação do leite caprino. Dessa forma, o objetivo dessa tese foi avaliar a qualidade do
leite de cabra em unidades beneficiadoras de leite, bem como verificar o perfil de resistência a
antimicrobianos e a identificaçao de genes de virulência em isolados bacterianos. O Capítulo I
corresponde à uma revisão sistemática de literatura com o objetivo de fazer um levantamento
dos principais microrganismos envolvidos na formação de biofilmes na indústria de laticínios
através da busca em três bases eletrônicas de dados: ScienceDirect, PubMed e Web of
Science. Os estudos relataram a obtenção de 756 isolados bacterianos de equipamentos, do
leite e seus derivados, sendo 69,31% provenientes dos equipamentos e 30,69% do leite e seus
derivados. As espécies de bactérias isoladas foram: Bacillus spp. (38,75%), Staphylococcus
spp. (21,56%), Listeria spp. (12,30%), Pseudomonas spp. (7,80%), Streptococcus spp.
(4,36%), Enterococcus spp. (2,11%), Acinetobacter spp. (1,71%) e 11,41% pertenciam a
gêneros diversos. No Capítulo II, objetivou-se avaliar a qualidade higiênica sanitária dos
equipamentos e do leite in natura e pasteurizado provenientes de usinas de beneficiamento de
leite caprino no Estado da Paraíba, Brasil. Entre os microrganismos patogênicos isolados,
houve uma maior frequência dos pertencentes à família Enterobacterales (77,38%), entre eles
Escherichia coli (26,19%), Klebsiella spp. (22,61%) e Enterobacter spp. (17,85%). As
bactérias Gram positivas corresponderam a 22,62% dos isolados, com destaque para Bacillus
spp., Staphylococcus spp., Enterococcus spp. e Macrococcus caseolyticus. Em relação ao leite
in natura, houve altas contagens para mesófilos, coliformes totais e termotolerantes e o leite
pasteurizado estava fora dos padrões microbiológicos para mesófilos, coliformes totais e
termotolerantes. No Capítulo III, foi verificada a resistência antimicrobiana e a presença de
genes de integrons e de beta-lactamase de espectro estendido (ESBL). Foram utilizadas 13
amostras de Klebsiella spp e 14 de E. coli isoladas de leite. Klebsiella spp foi encontrada no
tanque de recepção, tanque de pasteurização, embalagem, mão do manipulador, leite in natura
e leite pasteurizado. Das 27 cepas avaliadas 51,8% (14/27) foram resistentes a, pelo menos,
três ou mais classes de antimicrobianos. Entre os isolados de Klebsiella spp. 38,4% (5/13)
apresentaram resistência a três ou mais antimicrobianos, sendo que 92,3% (12/13) dos
isolados foram resistentes à cefalotina. Os antimicrobianos que foram mais eficazes contra
Klebsiella spp. foram cloranfenicol e gentamicina ambos com 7,69% (1/13) de resistência.
Com relação à E. coli, 64,2% (9/14) das amostras avaliadas apresentaram resistência a, pelo
menos, três ou mais classes de antimicrobianos. E coli apresentou uma maior resistência a
tetraciclina e a cefalotina com 64,2% (9/14) para cada antimicrobiano. Verifica-se que o
antimicrobiano mais eficaz contra os isolados foi o cloranfenicol com apenas 1 (uma) amostra
resistente (7,69%) de Klebsiella spp e nenhuma amostra resistente de E. coli. Não houve
amplificação dos genes IntI1, IntI2 e IntI3, entretanto, a região cassete dos integrons foi
amplificada em 11,1% dos isolados (3/27), sendo 15,3% (2/13) de E. coli e 7,14% (1/14) de
K. pneumoneae. Com relação aos fenótipos de ESBL observou-se que 37,0% (10/27) das
amostras apresentaram fenótipo de ESBL sendo E. coli com 42,8% (6/14 (e Klebsiella spp
com 30,7% (4/13). Conclui-se que houve contaminação do leite de cabra, antes e após o seu
beneficiamento, em usinas beneficiadoras de leite cabra no Estado da Paraíba, com o
envolvimento de patógenos previamente descritos na literatura como causadores de Doenças
Veiculadas pelos Alimentos (DVAs), com apacidade de formar biofilmes e resistir à ação de
antimicrobianos. |
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